Após três anos de desenvolvimento e dois episódios que poderiam ser descritos
como aperitivos, Assassin’s Creed 3 está finalmente aqui. É, no entanto, necessário
um trabalho árduo para satisfazer as expetativas dos fãs. O jogo assinala também o
culminar da história de Desmond e apresenta um novo protagonista. Em suma, a
tarefa é difícil.
A história de Assassin’s Creed 3 acontece em paralelo com o nascimento dos Estados
Unidos, com um habitual toque didático que nos leva a conhecer as batalhas mais
célebres e os principais nomes do momento, como Paul Revere, George Washington,
Benjamin Franklin, Thomas Jefferson. O ambiente da época sempre foi algo bem
distinto da série e neste título não é exceção. O título ganhou, aliás, riqueza de
mecânicas, cenários e personagens.
AC 3 consegue enfrentar no mesmo jogo a natureza e o urbanismo, mostrando os
dois mundos que chocaram fortemente entre 1775 e 1783.
O novo protagonista do jogo é Connor Kenway, um nativo americano que se envolve
na Guerra de Independência Colonial no século XVIII e mudará o curso da história na
sua relação com os templários, no rastro dos assassinos dos seus antepassados.
Connor apenas conhecia a liberdade de um mundo em paz, livre de progresso e a
obsessão industrial europeia. Um mundo em que a natureza era tudo para aqueles
que vivem em harmonia tribal com ele. Tudo isto desapareceu um dia com a sua
aldeia, ao ver a sua terra invadida, saqueada por um inimigo que quer impor os seus
pontos de vista, sobre fogo e sangue. Sozinho, apenas conta com o seu arco, o seu
tomahawk e o seu instinto de sobrevivência.
Os saltos e lutas de espadas estão agora muito mais cautelosos. Armas de longo
alcance, saques, animais de caça e, acima de tudo, a grande surpresa: confrontos
navais num jogo que dá grande atenção às caravelas e atividade marítima. Além
disso, existem área exuberantes e penhascos, com uma gama de movimentos
fantástica para fazer parkour pelas árvores e saltos espetaculares.
Connor, move-se com fluidez e facilidade, sendo provavelmente o assassino mais
ágil de todos, com uma série de animações superiores a Altair e Ezio, uma vez que,
para além de ter animações iguais as dos seus antepassados, apresenta uma série
de novas animações adaptadas a cada zona e superfície. O desenho mais variado,
curvo e diagonal dos ambientes, como árvores, falésias e edifícios de muitas
formas, obrigaram a Ubisoft a criar novos gestos. Apesar de tudo isto, o
protagonista move-se com naturalidade, criando a sensação ao jogador de ter
controlo total sobre o cenário, que estão agora mais polidos, menos quadriculados e
repetitivos como acontecia anteriormente.
A automatização de alguns movimentos como agachar para ter cobertura ou apoiar-
se nas esquinas, ajuda a esta mobilidade com plena suavidade, criando um resultado
no ecrã muito estético e coerente. Quem vier de outros jogos de ação irá sentir, no
entanto, muitas ajudas no controlo do protagonista. Por exemplo, a corrida e salto
entre plataformas, que deveria exigir alguma concentração, é tão fácil quanto clicar
num botão para que o personagem faça os saltos perfeitos. Esta mecânica, que
procura a espetacularidade e fluidez, já vem dos anteriores jogos da série e em nada
foi alterada.
A experiência dos controlos tradicionais como correr, atacar e saltar continua
satisfatória e ganha agora mais credibilidade face aos anteriores quatro títulos da
série, com movimentos mais orgânicos, apesar de não apresentarem contexto:
move-se do mesmo jeito ao subir uma fachada ou um conjunto de arbustos. Quase
todos os botões do controlador servem para distintos comandos, tendo sido muito
pouco alterado o esquema de combate, nem sequer com as novas armas que entram
no jogo, como pistolas ou o arco, todos eles com mira automática, com opção
manual. Reforçado está o sistema de contra-ataque e esquiva, que agora tem um
peso mais considerável no combate com vários inimigos.
A inteligência artificial inimiga, no que diz respeito às lutas, não está muito
favorecida mas também não se pode dizer que seja má. Neste novo Assassin’s
Creed, nunca veremos mais de três inimigos a atacarem-nos ao mesmo tempo. É
certo que somos rodeados por um enorme número de inimigos, mas apenas somos
atacados por três deles. Há, certamente, muitos outros jogos de ação mais ricos no
que diz respeito a este aspeto. Os novos protagonistas apresentam melhores
sequências de combos e sabem tirar proveito das armas inimigas para atacar os
adversários.
No geral, podemos classificar os combates como os melhores da série. No entanto,
evitar combates continua a ser a melhor via para aceder a zonas super vigiadas.
Técnicas como juntar-nos e caminhar com um conjunto de sacerdotes continuam a
ser válidas para Connor. Também nos bosques existem formas de nos camuflarmos,
seja junto a arbustos ou montes de neve.
No canto inferior esquerdo do ecrã, podemos encontrar um pequeno mapa, com
várias indicações úteis para o jogo. Existem mais indicadores, face aos jogos
anteriores da série, e também melhor organização das tarefas ativas à medida que
avançamos no jogo. Existe ainda novos efeitos para a barra que mostra o nosso
nível de vida e uma árvore de menus mais limpa e ágil. Existem, no entanto, menos
ajudas na hora de explicar missões e a forma como proceder, gerando
sincronizações perdidas e reiniciando deste o último ponto de controlo.
Como já foi falado anteriormente, existe uma grande variedade de animações para
Connor, e também diferentes ambientes como as cidades de Nova Iorque ou Boston.
No entanto, não se pode destacar uma grande variedade de missões. Continuamos a
ter de ir falar com alguém, que nos dá direito a uma sequências e uma missão. As
missões passam por ter de assassinar alguém em sigilo, roubar algo, libertar e
proteger reféns e tudo o resto que já é bem conhecido da série Os cenários naturais
e os marinheiros são os grandes pontos diferenciadores deste Assassin’s Creed.
Outra das novidades é o facto de Connor poder caçar animais.
O clima constante de tensão e agressão está bem transferido para o jogador, que
não tem apenas de seguir aquilo que pede a Ordem dos Assassinos, mas também
missões que podem parecer de menor calibre, mas que ajudam à sincronização total
do Animus.
Neste novo título o jogador é convidado a saquear cadáveres em busca de objetos,
munição ou dinheiro, chaves para portas fechadas ou manuscritos para obter
melhores pistas.
Para ir a novas zonas costeiras dos Estados Unidos, Connor pode juntar-se a
tripulações e acabar por capitanear navios. No entanto, os mares americanos da
altura eram também zonas de batalha, um local recheado de piratas que tentam
destruir os navios. Assim, ao comando de um grande navio e com a tripulação ao
nosso serviço, preparadas com os canhões, o protagonista terá de se colocar na
melhor posição lateral para que as balas façam o seu serviço, incendiando e
destruindo embarcações inimigas. Para finalizar, acabamos com todos os inimigos
num combate de espadas, onde toda a tripulação combate. A força com que se
movem as águas, a força do vento e a rapidez com que se move a tripulação faz
com que o resultado seja incrível, graças ao motor gráfico – o melhor da série até
ao momento.
Este novo título conta com cerca de 14 horas de jogo para as missões principais e
muitas mais se pretendermos completar tudo a 100%. Por todo o lado existem
missões secundárias que temos de completar para passar o jogo totalmente.
Assassin’s Creed 3 é o maior título da série… mas nem tudo é perfeito. O jogo conta
com inúmeros bugs que afetam a própria jogabilidade como objetivos que
desaparecem de forma estranha, armas que não disparam, IAs aliadas que não
respondem bem, etc.
Ao modo campanha principal, AC 3 acrescenta uma série de modos multijogador, a
maioria proveniente de anteriores títulos da série e com uma jogabilidade similar a
Brotherhood, mas agora com muitas mais opções de personalização como heróis a
escolher, perks, armas, habilidades especiais… O modo Deathmatch para ser o
principal e aquele que continua a ser o mais jogado. Também o modo Domination,
onde as equipas têm de dominar zonas, é outro modo apetecível.
A nível técnico, Assassin’s Creed 3 é uma faca de dois gumes. O novo motor de jogo
melhorou os visuais do jogo e nota-se alguns aspetos melhorados, como as texturas,
mas depois acontecem coisas como ficarmos presos no cenário ou ver armas a voar.
As expressões faciais, por exemplo, estão bem adaptadas à mensagem durante os
diálogos. Ainda assim, a nível gráfico o jogo está bem conseguido com detalhes
ricos, inquestionável ambientação histórica, montes de personagens no ecrã, alto
nível de texturas e detalhes.
A nível sonoro é claro que a Ubisoft quis fazer uma super-produção e tudo está bem
conseguido, desde as vozes, músicas originais da banda sonora, sons e ambiente
social reconhecível… tudo muito bem feito.
Em jeito de conclusão, Assassin’s Creed 3 é um dos grandes títulos lançados no final
de 2012. É o maior e melhor título da série até à data, embora a jogabilidade já
comece a cansar um pouco. Ainda assim, se procuram um bom título de ação ou são
fãs da série, este é um título que não podem perder.