Burly Men at Sea é uma obra interessante que não resulta da melhor forma. Existe muito aqui para ser apreciado e uma ideia que é executada de forma eficiente, mas isso está longe de ser suficiente para o tornar num título capaz de ficar com o jogador depois do seu tempo com os três entroncados protagonistas ter chegado a um derradeiro final. Do mesmo ponto inicial existem vários caminhos possíveis para chegar ao mesmo destino, mas nem todos são propriamente originais.
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Tal como o próprio nome indica, a obra do estúdio Brain&Brain acompanha as aventuras de três homens e navegadores marítimos que, após encontrarem uma misteriosa carta náutica sem qualquer informação nela incluída, dão por si envolvidos num ciclo contínuo de estranhos acontecimentos que serão responsáveis por preencher a carta náutica em questão e criar histórias únicas. No fundo, pensem numa espécie de Groundhog Day em alto-mar e não andarão muito longe da verdade.
Apesar do título não fazer questão de vos obrigar a continuar a jogar após a conclusão da narrativa pela primeira vez e vos presentear imediatamente com os créditos, parar a experiência após a primeira viagem é ficar alheado das inúmeras variações que a história destes curiosos protagonistas pode assumir. O arranque é sempre o mesmo: partimos de uma pequena vila piscatória e rapidamente somos engolidos - embarcação incluída - por uma baleia. Daí para a frente, são as nossas ações que moldam a aventura.
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Bebendo inspirações de mitos náuticos e histórias recheadas de elementos fantásticos, Burly Men at Sea presenteia-nos frequentemente com momentos em que a narrativa diverge e novas situações são colocadas em frente ao jogador. No total, são 12 combinações possíveis e cabe ao jogador explorar estes diferentes momentos da forma que entender para os desbloquear a todos e colocar as suas histórias em exibição na prateleira do misterioso café da pequena vila ao qual acabam sempre por regressar.
O conceito do título funciona, mas nem sempre isso se traduz numa experiência particularmente interessante. Claro que descobrir um novo segmento é sempre aliciante, mas infelizmente o jogo sujeita-nos a uma repetição contínua das mesmas cenas apenas para chegarmos ao momento em que queremos alterar o rumo da aventura. É certo que cada aventura não dura mais de 20 minutos, mas isso não impede a obra de se tornar rapidamente cansativa quando o jogador tenta efetivamente desbloquear todas as histórias possíveis, especialmente numa sessão de jogo contínua.
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Burly Men at Sea mantém-se interessante enquanto a maioria das cenas a que assistimos são novidade. Após esse efeito passar, a vontade para encontrar todas as combinações possíveis claramente não supera o enfado que se torna repetir a mesma secção várias vezes. Mesmo com um diálogo que se adapta ao facto das personagens estarem cientes da repetição das suas ações, o jogo nunca consegue verdadeiramente justificar ou manter o interesse na busca pela total conclusão do seu conteúdo.
Jogado numa Nintendo Switch, o título sofre igualmente com controlos tácteis algo erráticos. Proveniente dos dispositivos móveis, alguns dos segmentos que influenciam o desenrolar da narrativa pedem-nos para tocar ou arrastar o dedo pelo ecrã, mas isso está longe de ser intuitivo ou funcional. Uma sequência que envolve uma criatura gigante com tentáculos é particularmente frustrante. Não estraga por completo a experiência - até porque na maioria dos casos apenas têm de arrastar o dedo para fazer as personagens avançar no ecrã -, mas é um pouco irritante.
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Tecnicamente, Burly Men at Sea utiliza um estilo visual minimalista assente em formas geométricas que se destaca pelo colorido que oferece aos seus cenários. O "barulho visual" é mantido num nível mínimo e isso permite que a leitura do texto no ecrã nunca seja um problema. Por sua vez, a banda sonora tem o condão de nos transportar com sucesso para as aventuras náuticas dos protagonistas, fazendo-se acompanhar por sons ambientes que se enquadram no tom e temática do jogo.
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Burly Men at Sea é uma proposta interessante que não alonga em demasia a sua estadia, mas que também não consegue manter-se cativante durante o tempo que o jogador necessitará para desbloquear todas as combinações distintas que compõem cada uma das histórias possíveis. Os controlos estão longe de ser perfeitos e a repetição torna-se rapidamente um problema, contudo, o facto de poderem acabar cada história em menos de 20 minutos ajuda a disfarçar estas questões.